Mar Português

"Valeu a pena? Tudo vale a pena se a alma não é pequena. "

- Fernando Pessoa

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Episódio 2: Tudo tem sua primeira vez


PARTE 3

     Enquanto eu dava cinco reais de troco à uma cliente, não pude deixar de reparar no homem que estava sentado na mesa 8 e na euforia que ele causava na lanchonete. O moço, provavelmente com 25 anos, aparentava ser alguém comum, mas pela reação dos outros clientes, tinha algo nele que os incomodava. Então, decidi olhar mais de perto.
        - Posso ajudá-lo?
     - As pessoas que frequentam aqui tem o costume de encarar os outros ou acordei azarado hoje? - respondeu ironicamente.
     Por alguns instantes, fiquei paralisada e perdida no tempo e no espaço. Ele tinha os olhos mais lindos que já vi em toda minha vida: eram expressivos a ponto de falarem mais que as próprias palavras e o mais impressionante era que fugiam da regra principal, seus olhos eram coloridos.
     Quando voltei para a realidade, ele ainda me fitava, esperando que eu respondesse a sua pergunta. Foi quando eu olhei ao meu redor e percebi que, quanto mais o tempo passava, mais as pessoas se exautavam por causa do incômodo, afinal, nunca tínhamos visto outra cor senão o cinza. Decidi tirá-lo daquele lugar imediatamente, antes que acontecesse o pior. A princípio, ele se recusou a sair, mas após sentir como o clima estava na lanchonete, achou melhor me acompanhar.
     Senti que o meu raciocínio estava cada vez mais lento, por causa das várias perguntas que eu tinha para fazer. A caminho da única lagoa da cidade, eu organizava meus pensamentos e decidia qual das perguntas seria a primeira...